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terça-feira, 26 de outubro de 2010

A EXTINÇÃO DO VOTO IDEOLÓGICO.

Por Ralph Almeida
Analisando o panorama político para essas eleições, sobretudo as tão oportunas coligações, importantes para que os candidatos tenham principalmente mais tempo no horário eleitoral gratuito na televisão, lembro-me dos velhos tempos de faculdade, em que grupos pregavam, de forma veemente e radical, o voto ideológico. Naquela época, o PT do Lula era o símbolo da oposição esquerdista, que não admitia, inclusive, que se colocasse o caudilho Leonel Brizola nesse contexto. Esquerda mesmo era o partidão (Partido Comunista), assim como o líder sindicalista Luis Inácio Lula da Silva. Recordo-me uma vez que, no início de uma aula de Filosofia, entra em sala de aula um aluno com a propaganda do candidato Fernando Collor colada na camisa. Foi uma loucura, uma verdadeira algazarra. Muitas indiretas foram-lhe lançadas. O rapaz virou quase um representante da extrema direita militar que comandou o Brasil depois do golpe de 64. Infelizmente, para o coitado do aluno, Fernando Collor definitivamente não era o melhor presidente que se podia escolher e acabou sofrendo o processo de “Impeachment”, cuja tradução literal é “impugnação de mandato”. Acontece que alguns anos se passaram e Lula foi eleito. Não só foi eleito como fez um bom governo e isso, segundo as pesquisas, é quase uma opinião unânime. Porém, para a decepção geral dos ativistas de plantão, pouco tempo depois Lula estava em reuniões pra lá de amigáveis com o então presidente americano George Bush e, recentemente, foi apresentado por Barack Obama, presidente da grande nação imperialista, como “esse é o cara”. Ou seja, a chegada da esquerda ao poder não nos revelou nada de muito diferente. Para isso basta ver as coligações esdrúxulas com os mesmos reacionários do tempo da ditadura. Fernando Gabeira, por exemplo, sempre foi visto como um representante da esquerda, mas suas recentes coligações com o PSDB e o DEM, devem causar calafrios nos antigos esquerdistas que panfletavam entusiasmados nas portas das fábricas e escolas na década de 80.

Hoje, vejo o voto ideológico como algo realmente utópico. Talvez a chegada do PT ao poder tenha contribuído para isso. As pessoas não votam mais na esquerda ou na direita, uma vez que, pelo visto, não há mais esquerda ou direita. As pessoas votam por inúmeros motivos, mas definitivamente não votam porque esse ou aquele candidato é comunista ou anticomunista. O aluno que votava no Collor nos tempos de faculdade não seria visto mais como um representante alienado da direita. Ele seria respeitado, já que preconceito político não rima com democracia e a qualquer momento o Fernando Collor pode ser candidato pelo PT ou quem sabe até pelo PSTU.

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